Acontece que o meu pai não é homem de prendas.
Há uns tempos comprei-lhe um perfume caro. Todos os dias usa uma água de colónia foleira do Continente.
E o Yves Saint Laurent continua no cesto da casa-de-banho. À espera de algum dia importante, tipo o dia do meu casamento.
Hoje é o dia do pai e decidi comprar alguma coisa que ele use, realmente.
Pensei numa caixa de chocolates que ele ia adorar do fundo do coração. Mas sendo eu enfermeira e ele diabético achei melhor não.
Comprei uma garrafa de vinho.
Escrevi um texto giro em cartolina. Usei duas fitinhas - daquelas que vêm na parte de dentro da roupa, para facilitar pendurá-las nos cabides - et voilá.
O bom de ir ao Continente - e não a uma loja gourmet, ou lá como se escreve - é que há vinhos para todas as carteiras.
E o meu pai é o melhor de todos.
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