Domicílio da uma da tarde.
- Que tal dormiu hoje, dona M.A.?
- Ó, num durmo nadinha, enfermeira. É umas dores... E este homem sempre a virar-se na cama!
- Tentou a bolsinha de água quente, como lhe disse?
- Tentei. Mas num cunsigo pregar olho. E este homem é vira pa um lado, vira pó outro. Sabe Deus o que eu passo.
À saída.
- Ó A., vai levar a enfermeirinha à porta.
- Deixe-se estar, eu sei o caminho.
O velhinho lá me segue. Não vai sair de casa hoje. Mas veste camisa, calça e casaco a condizer.
- Sabe, ela diz que num dorme mas ressona a noite toda, o raça da mulher.
Chego a casa e a visão da janela do meu quarto é esta.
Eu, que sou muito avó, visto meias de lã pirosas e embrulho-me numa manta.
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