quinta-feira, 31 de março de 2011

Hoje a minha chefe chamou-me ao gabinete dela...

Eu a suar das mãos.

Pronto. É desta que me põem na rua. Quem me manda a mim questionar os ordens dos meus superiores hierárquicos?

Modo português activado.
- Rita, estive a dar uma vista de olhos nos seus registos...
- E então?
- ...
- Parabéns. Estão excelentes.
- Obrigada.

Mantive a pose.
Empinei um bocadinho o nariz.
Fiz um ar natural, nada surpreendido. Como quem olha-que-novidade...!

Entrei no elevador.
Lá dentro fiz a dança parvinha d'alegria.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Viver sozinha

Só tem vantagens.
Na maior parte das vezes.

Cozinhas quando queres.
Se não queres, jantas cereais com leite.
Deixas a louça para lavar amanhã.
Não tens de ir à casa de banho para dar puns.
Podes fazer as limpezas em cuecas.
Cantar músicas que nem sabes a letra.
Chorar alto sem motivo nenhum.

A grande desvantagem é:

Teres sonhos maus durante a noite. Acordares com o coração na boca. E sentires-te a pessoa mais desprotegida do mundo.

É. É parvo, eu sei.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Coisas...

Que eu a-do-ro na Inglaterra.

1. Casas sempre quentinhas.

2. Chá com leite. Um litro, fáxabôr!

3. O creme que torna qualquer bolo-seco-sem-piada-nenhuma num manjar dos deuses. Eu como tipo-sopa.

Ódiozinhos de estimação.

1. Duas toneiras. Ou sai lava ou cubos de gelo.

2. Alcatifas em todo o lado. Até na cozinha. O que leva uma tolinha como eu a aspirar a casa duas ou três vezes por semana.

Hoje apanhei um táxi

O condutor, indiano.
- Sabes, eu vejo-te muitas vezes na cidade. Perto do Tesco.
- Hum, e como é que me reconheces?
- Pelos olhos.
- Ah.
- Tens um ar de quem pensa muito… Sobre coisas que estão muito longe…
(Fon-fon-fon)
- Rita, prazer em conhecer-te.
- Obrigada. Igualmente. Quanto é?
- Quatro libras e setenta e cinco. E um sorriso.
Rio-me. Dou-lhe sete libras e deixo-o ficar com o troco.
- Rita.
- Sim?
- Vive agora. Pensa depois.

Senhor indiano, nem sei o seu nome.
Obrigada por ter salvo o meu dia.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Para os meus amigos



Esta menina canta tudo aquilo que eu queria dizer.

domingo, 20 de março de 2011

Um problema mental é um problema como os outros

Como um cancro.
Uma paraplegia.
O que quiserem.

Quem tem problemas com comida não se cura jamais.

Eu comecei aos quê? Doze?
Entretanto, adormeci o problema e mantive-o escondidinho.
Para dez anos depois ele voltar em força.

Para muita gente, eu sou fraca.
As pessoas que sofrem do mesmo que eu, todas fracas.
Somos fúteis.
Vítimas da manipulação da sociedade.
Descarregamos na comida e no corpo as frustrações todas. As relações que não prestam, as dívidas para pagar, o trabalho que é uma merda e sei lá que mais.

Desde que me lembro de mim mesma, sempre tive no lugar do rabo uma bola de basquete.
Herança do meu pai. (Olá papá!)
Na primária fui gozada por rapazes, um dia em que tive a infeliz ideia de ir para a escola com calças justas. (Olá mamã. ‘Tás sempre a falar disto…)
No sexto ano veio-me o período. Daí para a frente foi um boom.

O mundo pode ser um lugar extremamente hostil para quem não tem as medidas certas.
Isso ajuda o nosso cérebro a pifar.
E uma vez dado o pifo… Pfff.
Eu já fiz coisas que nem gosto de lembrar.
Tipo enfiar uma sonda nasogátrica goela abaixo para me livrar da comida.

Não, não gostava de ser como a Beyoncé nem como a Rihana, que levam ao rubro os homens e atiçam a inveja das mulheres.
Eu só gostava de ser magra como uma tábua, não ter mamas nem curvas nas ancas.
Por isso, nem para manequim dava.

Depois de ter chorado muito à custa desta história, cheguei à conclusão de que há coisas piores do que ser gorda.
Ser gorda com um problema alimentar e infeliz.

Trabalho à moda da escravidão. Daqui a pouco vou ter dinheiro suficiente para uma lipoaspiração numa clínica decente.
Vai ser da ponta dos cabelos às unhas dos pés.
E olha para mim, que fútil.
Podem começar a atirar pedras. A partir de…
Agora.

Ora bem.

Hoje, depois de enfardar dois pratos de gnocchi e um Kinder Bueno, deitei-me no sofá e proibi-me de ir à casa de banho fazer o que melhor sei.

Treze dias.
Treze dias sem miar.

sábado, 19 de março de 2011

Outra coisa...

Sandra, comprei DVDs do Little Britain e agora posso ver os episódios todos.

Sem aquela vozinha de fundo:
- Ah, êsse é chato. Vou pulá!

Ahahahaha!

Sabem o que é mesmo bom? Mesmo-mesmo?

Chegar a casa.
Pôr velas na casa-de-banho.
Ter um copo de vinho à mão.
Encher a banheira com água a ferver.
E mergulhar.

Tá.
Seria muito melhor se o brasileiro do Pizza Express me fizesse companhia.
Ó mái góde-ó mái góde-ó mai góde!

Há coisas que me ultrapassam...

Tipo.
Porque é que a pizza engorda?

Tomate. Um legume.
Queijo. Cálcio.
Pão. Hidrato de carbono de absorção lenta.

Há quem junte folhas de rúcula. Azeitonas. Cogumelos.
Mais legumes.

A pizza é a materialização da roda dos alimentos.
Super saudável!

quarta-feira, 16 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

terça-feira, 8 de março de 2011

Eu tenho poderes!

Há uns anos atrás, numa mercearia em Viana.
- Boa tarde. Blábláblá. Gostaria de assinar esta petição contra as touradas em Viana do Castelo?
- Ai! Não. É um espetáculo muito bonito. Blábláblá.
Ai é? Se batesses com uma canela em algo bicudo e te magoasses a sério... Isso é que era bonito.
Uns dias depois a loja ardeu.

Ontem, no meu trabalho.
Modo português activado.
B. - Blábláblá. Quer que lhe aplique creme nas costas?
J. - Não. Não gosto de pretos. A enfermeira põe-me.
Eu - Lamento senhor J., mas não posso tolerar esse tipo de comportamento. Blábláblá.
Que é como quem diz racista de merda, devias bater com a canela em algo bicudo e doer-te muito-muito-muito.
Hoje de tarde morreu.

Conclusão.
Eu sou uma pessoa má.
Pior.
Eu sou uma pessoa má com poderes.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O meu trabalho é uma comédia

- W., is there anything else you need?
- Yes. A nice young man. Please.

terça-feira, 1 de março de 2011

Coisas que eu adoro

2. A Primavera a chegar à Inglaterra.



3. Estar sozinha em casa. Pôr este CD e dançar em cuecas, enquanto aspiro as alcatifas.


Se não conhecem, corram!