segunda-feira, 9 de maio de 2011

Se és enfermeira

Há uma grande probabilidade de as pessoas acharem que és santa.
Eu não sou.

Contrario em muito as tendências inglesas.
Os enfermeiros daqui adoram fechar-se nos escritórios a preencher papéis.
Dar ordens aos auxiliares.
Eu gosto de ir trabalhar com eles.

Suar a dar banhos.
Ver-me grega para fazer um doente agressivo engolir medicação.
Limpar merda. Porque não?
Orgulho-me de ter dado uma lição a esta gente.
Que pensavam que, por ser nova na profissão e no país, era tontinha.

Longe vai o tempo em que as enfermeiras eram freiras.
Eu sou enfermeira e gosto de sair à noite. Gosto de me embebedar de vez em quando.
Gosto de dizer disparates e rir alto.
Gosto de piercings, tatuagens, rastas e pessoas que se vestem de preto.

Eu sou enfermeira. Gosto de me sentir útil aos outros.
Mas só porque ser útil aos outros, faz-me feliz a mim.
A questão, no fim de contas, sou sempre eu.
Sou tão egoísta como o resto da humanidade.

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