domingo, 27 de maio de 2012

Ainda há pouco falava com a minha tia

Sobre um amigo meu. 
Que é gay.
E ela perguntava como seria um homem beijar outro homem. O que é que eles sentem. Como é que se gostam.
E como isso lhe faz impressão.

Eu, que sou uma depravada aos olhos da minha mamã, encolhi os ombros.
Discutir estas questões chateia-me.
Porque eu não compreendo as dúvidas. As comichões que isso causa.

Tenho muitos amigos gays.
Assisto a beijos entre homens. 
A desejo entre homens.
Falamos de sexo.
De amor. 
Carinho. 
Inseguranças.
Respeito.
Ciúmes.
Jantares em família.

Falamos de relações. De pessoas. Independentemente do género.
Homo ou hetero. 
Amor, paixão e atracção física. Assumem sempre os mesmos contornos.

Por isso.
Meninas, sabem quando os namorados brincam com os vossos mamilos e é bom? É igualmente bom quando as mãos ou a boca são de outra mulher.
E vocês meninos. Quando recebem beijos no pescoço das namoradas. Ou são masturbados. Ou o que for. Um gay sente o mesmo. Mas recebe-o de outro homem.

Se querem alguma coisa que choque realmente. Sei lá.
Leiam sobre o massacre das focas bebés no Canadá.

sábado, 26 de maio de 2012

Antagónico

Da última vez que voei em direcção a Faro, ia de coração cheio.

Cheio de paz. E felicidade. E luz. E todos os sentimentos bons que eu e vocês podemos imaginar.

Ia tão cheia de vida, que pensei que podia morrer.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sai uma destas para a mesa, faxabôr!



Se alguém do hospital descobre este blog, os boatos relativos à minha orientação sexual ganham ainda mais sentido.

E eu estou tão preocupada com isso que vou ali chorar um bocadinho e tomar anti-depressivos.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Em Portimão

Muitos doentes no serviço.
Acabo a passagem de turno às nove da manhã.
Trabalhei dezassete horas.

Saio do hospital e é dia. O sol brilha. Não está muito calor.
Decido ir à praia, apesar de me sentir gorda.
Vou à Sport Zone comprar um bikini. Estou efectivamente gorda.
Mordo o lábio para não chorar. Amuo.
Pago trinta euros por um bikini com muito pano.

Vou ao Continente fazer compras para a semana.
Tomo o pequeno-almoço em casa. Pão com sementes. Queijo. Maçã. Café.

Olho pela janela enquanto como. Esforço-me por comer devagar.
Estou cansada, com sonos em atraso.
E feliz.

O meu trabalho deixa-me muito feliz.
O meu trabalho tem sido a minha salvação.
Sinto-me burra muitas vezes. E há um médico - malcriado! - que faz questão de me lembrar isso mesmo, cada vez que visita um doente. Eu, que até mantenho a calma e tenho paciência inesgotável, estive a um milímetro de o mandar p'ró caralho. E também não sou de asneiras...

Bem.
A minha cabeça anda ocupada. Com traçados de ECG, interpretação de análises, medicação que nem sei pronunciar o nome.
Enquanto isso...

Os espelhos já não são tão repugnantes. E a balança do serviço... Já estive mais longe de subir para cima dela.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Era um dia de sol, íamos no carro, tu de calças de ganga e casaco azul.
Cantavas. A tua mão no meu joelho.
E aquela luz.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Lá porque não escrevo

Não quer dizer que não tenha nada a dizer.

A minha vida deu mais uma volta. Mais uma, só isso.
E eu estou em paz. Com o coração a rebentar de felicidade e sem saber o que fazer com isto tudo.
Tenho dificuldade em organizar as ideias. Passá-las para o papel.
Quero escolher as palavras, mas elas perdem-se no meio da euforia.

Tenho amor incondicional dentro de mim.
Sinto-me nem-sei-bem-que-palavra-usar. E só tenho medo que isto acabe rápido.
E eu volte aos dias em que fui sombra. Aos dias em que evitei espelhos. Aos dias em que guerreei comigo mesma e estive prestes-prestes a perder a batalha.
Às vezes, até me pergunto se mereço esta paz, por fim.

No outro dia lembrei-me do ano em que fui à Zambujeira do Mar. E vi o David Guetta.
E me emocionei profundamente com música de discoteca, lasers, robôts e pessoas com o telemóvel a brilhar no escuro.

Esta música faz-me voar :)