domingo, 28 de novembro de 2010

Ninguém é perfeito

Ainda pela web-cam.
- Ritinha, e que idade é que ele tem?
- Trinta.
- É rico?
- Muito. É tão rico que quando aqui chegou dormia numa tenda…

Nos últimos dias tenho escrito mais do que é costume.
Passo a maior parte do tempo sozinha. Penso muito. Como ainda mais.
Não tenho com quem conversar.
Por isso, conto a minha vida a uma folha de papel.


Desde que cheguei, o R. é a única pessoa com quem converso (ao-vivo-e-a-cores) sobre coisas que não sejam medicamentos, planos de cuidados e enfermagem em geral.

O R. gosta da minha luz. Sei lá bem o que ele quer dizer com isto.
Só sei que gosto.

Não há muita coisa que eu aprecie em mim.
Ok. Gosto do meu pescoço.
Tirando isso, adoro falar mal de tudo.

Ultimamente pus-me a pensar...
No quanto a minha vida mudou.
Estou longe.
Dos meus pais. Dos meus amigos. Da minha casa de sempre.
Não conheço ninguém. Mal consigo expressar-me.

Tenho muitos defeitos.
Mas não me falta fibra.

No outro dia, escrevia à S. e ao M. sobre o R..
Aliás, farto-me de falar dele a quem me queira ouvir.
Giro, educado, cheira bem.
Faz-me rir.
Ri-se ao ver-me comer.
Dá-me espaço.
Olha-me nos olhos durante muito tempo, sem dizer nada.

Demasiado bom para ser verdade.


Se calhar cheira mal dos pés.

Juro que não percebo.
Por que é que não abro a porta e o deixo entrar?
Será algum desequilíbrio hormonal? Ou os medicamentos?
Medo de me apaixonar a sério?
Medo de fazer amor com um homem, depois de tanto tempo?

Só de pensar em tirar a roupa e expor a minha carne à vista de alguém, dá-me um nervoso.

Qual enfermeira?
Vou mas é para freira.

Sem comentários:

Enviar um comentário