Sonhava em trabalhar nas urgências. Ou com crianças.
Comecei a trabalhar com velhos. Muitos deles quase a morrer.
Agora sonho com um mestrado em cuidados paliativos.
Quando o K. chegou ao Centro, quase não reagia.
Era um caso perdido para a medicina. E para a família também.
Cortaram-lhe a medicação. Só paracetamol em caso de febre.
Esperava pela morte. Sem muitas interferências.
Aqui entramos nós.
Posicionamentos de duas em duas horas. Alívio de zonas de pressão.
Banhos na cama todos os dias. Trocar fraldas.
Dar de comer. Papas e purés.
Falar com ele, ainda que sem respostas.
Hoje em dia, o caso perdido ri-se quando nos vê.
Fica sério quando lhe desfazemos a barba.
Abre a boca e põe a língua de fora para receber as colheres de comida. Bebe sumo como se não houvesse amanhã.
Já o sentamos na cama. Qualquer dia passa para o cadeirão.
Agrada-me pensar que se está à espera da morte, espera quentinho, confortável e de barriga cheia.
Acho que posso dizer "Como eu te percebo"...é muito fácil amar esta Enfermagem!
ResponderEliminarSão estas pequenas grandes coisas que fazem amar esta profi(voca)ssão. E quanto ao que queremos dela, eu seio desde o primeiro contacto com os que "não vale a pena" o que gostaria de seguir, Cuidados paliativos claro! Agora é esperar e ver para onde a vida nos leva (ou então dar um empurrãozinho).
ResponderEliminarSee you soon