terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ser velhinho

Às vezes olho nos olhos dos meus doentes.
A maior parte deles nem repara.
Olham fixamente o vazio.
Corpo no presente e mente no passado.
Que confusões lhes passarão pela cabeça?

O que faz alguém chorar sem motivo?
Gritar de repente?
Tentar espetar-me um garfo no braço?

Muitas vezes pergunto-me que tipo de velhinha eu vou ser.
Se chegar lá.
Será que vou ser carinhosa? Ou vou praguejar o dia todo?

Cérebro. Demência. Hormonas. Neurotransmissores. E essas coisas.
Vem tudo nos livros.
Mas ler é diferente de viver.

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