Vou parar com os remédios. De uma vez por todas.
Eu admito - sou uma pessoa cheia de defeitos...
Admiro muito os meus amigos por gostarem de mim à mesma.
Há uns tempos atrás, recebi um comentário anónimo nesta postagem.
De alguém que não me conhece.
Se conhecesse, saberia que eu detesto o papel de vítima.
Não suporto gente que ó-p’ra-mim-não-tenho-sorte-nenhuma.
Eu não me dou por vencida com facilidade.
Mas quando admiti ter perdido a batalha contra o distúrbio alimentar, senti um alívio enorme.
Tento falar disso com a mesma naturalidade com que falo de todas as outras coisas: dinheiro, roupa, sexo, o que for.
Podia, facilmente, entregar-me às mãos dos senhores doutores.
Esperar que os medicamentos fizessem magia.
E que um belo dia eu acordasse e não tivesse vontade de materializar os meus problemas numa pasta de chocolate.
Bem que podia esperar sentada.
A cura exige trabalho.
Leio o máximo que posso para perceber o que vai na minha cabeça.
Bulimia nervosa, distorção da imagem corporal, alimentação emocional…
Mas o anónimo sabe melhor dos meus problemas do que eu.
Sabe que isto tudo é veneno da sociedade.
Que eu quero desesperadamente ser magra-como-uma-tábua, mesmo que isso contrarie o meu genótipo.
Que sendo magra, posso finalmente ser capa da Vogue.
Ter o desejo ardente dos homens.
E a inveja mortal das mulheres.
Eu, ingénuazinha, acho que as coisas não são assim tão quadradas.
Para mim, isto é psicologia barata.
Meti-me a fazer Reiki.
O D. diagnosticou-me um desequilíbrio no segundo chakra.
E em função disso descreveu a minha personalidade tim-tim-por-tim-tim. Senti-me nua.
A tendência ao isolamento. A comida. A falta de energia sexual. Os problemas menstruais. E por aí.
Se me virem em casa, em posições menos ortodoxas... Não, não vou entrar num filme pornográfico.
É para abrir o chakra, diz ele.
Ritinha querida, quando há uns tempos li a tua resposta àquele comentário anónimo fiquei tao orgulhosa. Agora fico triste.
ResponderEliminarQuanto a anti-depressivos, químicos, drogas ou como lhes queiras chamar, eu sou totalmente a favor. Não é só tomá-los, pois não. É tomá-los correctamente, continuar o acompanhamento psicológico, fazer as restantes mudanças na nossa vida, lutar. Confiar. E não nos armarmos em super heróis, sobretudo.
Admitir que se está doente é muito diferente de armar em vítima. Pedir ajuda quando se precisa não é sinal de fracasso. Pelo contrário.
Quando ouço falar-se mal dos medicamentos assim de forma tão geral, como se todas as doenças (e pessoas) fossem iguais, como se qualquer químico fosse substituível por força de vontade e muita espiritualidade, não consigo deixar de pensar no que essas drogas tão tóxicas fizeram por mim. Eu teria continuado a tomar prozac para o resto da vida, se assim tivesse de ser. Por mais espiritualizada que seja, por mais que deteste químicos, por mais e maiores que fossem os efeitos secundários. Nada se compara ao que eu senti antes. Nada é mais tóxico e incapacitante do que o que senti durante a depressão.
Procura a melhor solução para ti, sem tentar agradar a mais ninguém.
Muitos beijinhos ;)
Nat,
ResponderEliminarque bom notícias tuas!
Ouvi dizer que vens viver no Reino Unido.
Anda visitar-me! Eu gostava :)
Não fiques triste.
É um passo de nada para a Humanidade. Mas um gigantão para mim.
Não quero parar à tolinha, como fiz da última vez.
Vou fazer o desmame devagarinho. E associá-lo a outras coisas...
Não me envergonho nadinha de tomar anti-depressivos, estabilizadores de humor e ansiolíticos.
Mas gostava de sobreviver sem eles.
Para já, ainda tenho de organizar muita tralha aqui no meu sótão.
Acredito que tudo se resolverá a seu tempo.
É só disso que preciso.
Tempo...
Muitos abraços.