sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Recordes

Eu podia entrar para o Guiness.
Desta vez não estou a falar de comida. Embora nisso também seja uma concorrente de peso.

Estou a falar de choradeira.
O meu último recorde foi na Finlândia, quando falei com o G. pela web-cam.

Hoje voltei a perder a conta das horas...

Nem é o medo de deixar a minha casa. Os meus pais. Os meus amigos.
Esses vão estar sempre aqui para mim.

Eu sou uma enfermeira-bebé.
A possibilidade de não saber fazer as coisas, de errar, de fazer mal, angustia-me.
Infelizmente, gostar muito de uma coisa não nos torna automaticamente bons nisso.

Frágil

Estou quase-quase de partida.
Há uns dias atrás o medo era nenhum.
Mas ontem virei um glaciar.

Hoje acordei a meio da noite e custou-me voltar a adormecer.
Faço muitas contas ao dinheiro.
Já pensei criar um grupo no Facebook "Vamos ajudar a Rita a pagar a casa".

Não me apetece falar.
Nem festas de despedida.
Mais estranho ainda. Não me apetece comer.
Nem bolachinhas. Nem latas de leite condensado. Nada.

Sabem aquela vontade de correr para o colinho de alguém?
De chorar um bocadinho. Ouvir que vai correr tudo bem.
Eu queria.
Mas depois sinto vergonha por ser tão mimada. E não me dou a esse luxo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Concurso


Quem quer ganhar um sabonete do Boticário?
Novinho em folha.
Ideal para pôr nas gavetas e dar cheirinho à roupa.

É muito fácil participar.
Só têm de enviar ideias para fazer um monte de tralha caber numa mala de vinte quilos.

:)

Ainda sobre falatórios...

Há uns tempos atrás, uns amigos meus contaram-me que circulava na net um vídeo pornográfico de um casal cá de Viana.

Segundo eles, um casal conhecido.

O debate, muito escandalizado, andava à volta do seguinte.

No vídeo, a mulher fazia um broche ao homem.

Eu acho estranho que para os meus amigos - supostamente pessoas com cabeça aberta - isso cause tanta comichão na língua.
Das duas uma. Ou eu sou mesmo estranha. Ou sou demasiado promíscua.

As minhas amigas que namoram fazem broches. As que não namoram, se calhar, também fazem. E se não fazem, já fizeram.
Pior ainda. Tenho amigos gays. Homens que fazem broches a outros homens.

Isso escandaliza-me?
Não.
Até lhes dou beijos.

Sei lá como o vídeo do casal foi parar à Internet. Aposto que a intenção não era essa e eles tiveram azar.
Seja como for, é um bom motivo para se entrar na vida privada dos outros e se falar mal deles.

Alguém me explica por que é que...

A maior parte de nós é tão feliz com a desgraça alheia?

Por exemplo.
Se escreverem no Google "celebreties", vão aparecer automaticamente algumas sugestões.
As mais procuradas. Digo eu.
Ora, se o meu raciocínio estiver certo, o que é que as pessoas mais procuram?


Celebridades sem maquilhagem.
Com as mamas ao léu.
A fumar droga
Ou cheias de borbulhas.

Felizmente, há aquelas menos maldosas que só querem tirar modelos para cortes de cabelo.

Por que raio é que somos assim?
- Toma, a Julia Roberts também tem celulite nas pernas.
- Aahahah! O meu namorado devia ver a Rihanna sem maquilhagem. É que mesmo sem dinheiro, sou mais gira do que ela ao acordar.
- O quê? A Mariah Carey engordou vinte quilos? Bem-feito. A ver se deixa de se armar nos videoclips.


Quem é que não tem fotografias destas?


Fotografias em que estamos mal vestidos.
Nús, até.
Fotografias em que o fashion da época nos parece tão ridículo agora.

Ficamos mais descansados porque só os nossos pais sabem da sua existência. E os nossos amigos nunca poderão saber, a não ser que, num acto de loucura, a gente lhes mostre.

(Acto de loucura)


Ser celebridade e ter gente a falar de nós a todas as horas do dia deve ser horrível.
Ok. Ter dinheiro para ir passar férias ao Dubai é fixe.
Mas também é fixe poder ir despejar o lixo de robe e de pantufas.
E as únicas pessoas a falarem mal de nós serem os nossos vizinhos.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Coisas que eu adoro


1. Ser enfermeira para os meus amigos.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ó mái góde!

Lá vou eu no dia 2.
À espera que a Inglaterra me ofereça aquilo que Portugal não tem. Emprego.

Na semana passada, fui a uma entrevista no Hospital Particular.
A primeira coisa que me perguntaram foi:
- A menina, com 22 anos, sente-se apta para trabalhar?

Apeteceu-me responder:
- Tenho duas mãos, dois dedos de testa e alguma massa encefálica entre as orelhas. Mais ainda. Tenho um certificado de curso e uma cédula profissional. O que é que o senhor acha?

Mas isso poderia ser interpretado como muita arrogância da minha parte. Por isso, limitei-me a dizer qualquer coisa como:
- Eu sou inexperiente. Mas tenho um atributo que não são os anos de trabalho que conquistam - adoro aquilo que faço.
Não tenho medo de admitir que preciso de aprender. Preciso(!) e estou disposta a isso.
Têm é de dar-me a oportunidade de começar.

Não saiu assim tão bem, é claro. Visto daqui até parece poético. Mas não foi.

Explicou-me as condições de trabalho.
Provavelmente, a fazer limpezas ganhava mais.
Para que tenham noção, ganhava mais dois euros à hora do que no Continente.

A três euros à hora, o máximo que eu estrago é uma máquina registadora. Na pior das hipóteses, faço o Continente perder uns clientes.
Pergunto-me se dois euros a mais pagam a responsabilidade de ter a saúde de alguém nas mãos.

sábado, 23 de outubro de 2010

Isto há coisas!


Não é que o Google já conhece o meu blog?


Para que não restem dúvidas...

A prova de que eu e o Vladimir somos mesmo namorados.



Sim, sim.
Eu sou assim magra.

Ao vivo é que não parece.

Fim-de-semana numa imagem


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Juro que tenho tomado os medicamentos!

Aposto que vocês não conhecem esta música.



Pois é. O meu repertório em música pimba é ilimitado.
Sei Ágata e Ruth Marlene de cor. Os meus amigos não me deixam mentir.


Para quem não conhece o Sakis Rouvas...


Temos pena.
Foi esta figura que deu inspiração a este jovem. Vou-vos reavivar a memória.




Por mim, podem ficar com o Sakis à vontade.
Eu já encontrei o amor da minha vida. Chama-se Vladimir.
E tirem o cavalinho da chuva, que ele só tem olhinhos para mim, tá?



Eu não estou preparada para relações amorosas

Estou sozinha há anos...

Quando deixo alguém entrar mais um bocadinho, não demoro muito a aperceber-me de que já estou farta.
As pessoas sufocam-me. Cansam-me.
Volta e meia, desapareço do mapa. Deixo de dar satisfações.
Já magoei gente assim.

Ora, quem pensava que eu era um ser-humano-lindo-e-maravilhoso, fica já a saber a verdade.

Sabem aqueles livros de auto-ajuda?
Aqueles que ensinam a viver com a solidão?
Que pregam o amor-próprio? E fon fon fon?
Já li às dezenas.

Eu tento amar-me. Não ser tão maldosa. Nem para mim e muito menos para os outros.
Estou rodeada de gente que também tenta.

Não é fácil fazer a nossa parte.
Não é tão simples como os autores iluminados escrevem nos livros.
Tudo mexe connosco.
Ou é o tempo que está uma bosta.
Ou é o trânsito.
Ou é a merda da conta para pagar.

E depois vamos para a frente do espelho massacrar a cara.
Temos varizes.
Celulite.
Pêlos nas pernas.
Um pneu na barriga.

Nesses dias é bom ter alguém que nos veja com outros olhos.


Alguém que goste de nós. Infantis, parvinhos, amuados. Seja como for. Incondicionalmente.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dúvidas existenciais

Quando espreito por uma janela de casa e o tempo está assim...

... o que é que eu calço?

Que tal umas botinhas acima do joelho? Último grito da moda. Podia, não podia?
Podia. Se as minhas pernas tivessem a grossura dos meus braços.

E umas galochas-daquelas-super-coloridas?
Sim. Para ficar com a perna presa. Como aconteceu no ano passado, naquela loja da rua da Bandeira. Por pouco não me amputaram.

Umas Dr. Martens?
É isso! Compro-as com o meu rim esquerdo! Que tal?

Sobram-me as velhas e para sempre adoradas sapatilhas. Que nem da marca verdadeira são. Mas acompanham-me para tudo que é lado.
Faça chuva, faça sol.

Coitados dos telefonistas do NMC

Não é que ligo para lá e atende-me um senhor com uma batata a pelar na boca?
Será que são obrigados a trabalhar assim?
Vou fazer queixa à Amnistia Internacional.

Malditas hormonas!

Que me fazem chorar baba e ranho com isto.



Mas chorar!
Não é aquela lagrimazinha no canto do olho. Não.
É soluçar alto ao ponto de precisar de uma almofada para abafar o som. Isto é, se não quero preocupar ninguém cá em casa.

Pior.
Se alguém me pergunta o que foi?, eu não sei responder.

Digam que também vos acontece, pel'amor de Deus!

Eu, que só falo em comida...

No último Sábado, obriguei a S., o G. e a mãe da J. a verem-me ter um orgasmo enquanto comia bolo de bolacha.

Eu estou sempre a falar em comida. É verdade.
Mas o blog é meu e eu falo do que eu quiser.
Especialmente porque falar a verdade desbloqueia-me.

Quando comecei a partilhar de forma mais transparente a minha relação emocional com a comida, sem medo do rótulo de desequilibrada mental, apercebi-me de que estou longe de ser
um caso isolado.

Ok, ok. É difícil bater um dos meus recordes sem enjoar...


Mas as meninas da dança também devoram pacotes de bolachas enquanto estudam.
Comem milho congelado.
Grãos de café com açúcar.
A M. come um saco de batatas fritas antes de cada aula de ballet.
A J. vai ao café comprar muitos gelados para ela e para enganar o senhor diz qualquer coisa como ai, não sei bem de qual é que ele gosta.
O G. contou-me que às vezes se entope com tanto chocolate que tem de ir para a cama respirar fundo para não vomitar.

Eu tenho amigos sinceros.
E acho maravilhoso não termos vergonha de contar estas coisas.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Para o meu ex-namorado...

Ontem sonhei contigo. Já me aconteceu outras vezes, embora nunca te tenha dito.

Ontem, sentámo-nos outra vez num banco do jardim. Lembras-te?
Tu deitaste-te no meu colo e falámos muito tempo sobre coisas que não me lembro.
Falámos.
Só isso.

Z., o tempo passou tão rápido por nós... Também sentes isso?

Obrigada por me teres feito feliz enquanto pudeste. E desculpa-me por todas as vezes que te magoei.

Sinto saudades de falar contigo. De me ouvires. De teres paciência comigo.
Sinto saudades. Não todos os dias, mas às vezes.

Diz-me.
É mau pensar isto tudo?
Sentir isto tudo?
Contar-te isto tudo?

Foi-se o amor. Ou o que pensávamos que ele era.
Mas o carinho ficou para sempre.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Mamã

Somos tão diferentes de carácter.
Discutimos tanto. Gritamos tanto. Coisas tolas, a maior parte das vezes.
Já nos magoámos uma à outra. Só com palavras.

Eu sei que vês aquilo que eu não te quero contar.

Não sei se percebes. Mas eu gosto muito de ti.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Coisas de mulher

Ela esteve seis meses sem me visitar.
Às minhas amigas com vida sexual (ó p'ra mim, cheia de inveja!) isso ia dar muita dor de cabeça.

Eu não faço muita questão.
Mas pronto. Ela decidiu aparecer e trouxe-me um presente. Dois dias seguidos sem crises alimentares compulsivas.

Hoje sinto-me quase-quase uma das meninas Evax.

:)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Queridos leitores

Há uns dias atrás cruzei-me com a I. e no meio dos dois beijinhos, ela diz-me que gosta muito do meu blog. Gosta muito do meu blog!

O meu blog está longe de ser popular.
Deve ter uma média de 0,3 comentários por postagem, se tanto. O que, muitas vezes, me faz pensar que estou a falar para o boneco. Mas nem por isso me importo.

Escrevo para que as ideias e as memórias não fiquem cá dentro a ganhar caruncho.

Para mim é estranho que alguém ache piada aos meus gatafunhos.
A minha professora de Português do 12º ano não gostava. Divertia-se a pintar os meus testes a vermelho.
Incompleto.
Muito confuso.
??????

Este post é, portanto, para os meus queridos leitores.
Que não têm uma licenciatura em língua portuguesa, mas gostam do que lêem.
E me dizem que gostam.
Provavelmente não sabem. Mas para mim, o elogio é como um rebuçado.
:)

Fotos de família que eu adoro

Os meus pais a namorarem. Coisa que fazem até aos dias de hoje.

A minha avó, à esquerda. No tempo em que os sapatos só se usavam ao Domingo.

O meu pai de cabelo comprido e a correr. Todo bom.
:)

Todas as famílias têm problemas

A minha exagera.
As histórias são do arco da velha, capazes de inspirar verdadeiros filmes.
Comédias, na maior parte das vezes.

Os pais do meu pai eram primos directos e casaram-se. A minha avó teve vinte filhos.

O meu pai é diabético. Muitas vezes, dou por ele sentado no sofá a ver televisão, enquanto come pastas de chocolate ou fatias de marmelada.

A minha mãe acorda todo o santo Domingo com um humor insuportável. Adora dizer mal da vida, enquanto passa a ferro as meias e as cuecas do meu pai.

Depois vêm os tios e os primos. Os que são Testemunhas de Jeová e andam por aí a distribuir revistas e a incomodar as pessoas aos Sábados de manhã. As mães-solteiras e adolescentes. Os que pedem empréstimos ao banco para irem de férias e depois não têm dinheiro para pagar. Os que ameaçam suicidar-se porque o casamento não resulta.

As reuniões em família acabam sempre numa rúbrica para ver quem tem piores condições de trabalho ou de saúde.

E isto tudo é só metade.

domingo, 10 de outubro de 2010

Coisas que eu sei dizer, mas não faço

Há dias, a M. deu-me um coração de madeira onde esculpiu a palavra amo-te.

É engraçado. As pessoas sentem por nós coisas que, geralmente, não conseguimos nutrir por nós próprios.
Amor. Admiração. Respeito. Coisas boas.

Eu não conheço muita gente que se ame. Muito pelo contrário. A maior parte de nós é tão cruel quanto pode.

Somos os primeiros a ter vergonha de nós próprios. Das coisas que nos passam pela cabeça. Do nosso corpo. Dos nossos pais, até.
Achamo-nos demasiado baixos. Ignorantes. Feios. Tímidos. Sei lá...

Se fizéssemos as pazes connosco, podiamo-nos dar ao luxo de ser um bocadinho mais felizes.
Eu gostava.

:)

sábado, 9 de outubro de 2010

Os melhores do mundo

Hoje, o meu querido professor de dança que diz tudo-tudo na cara, sem peninha de ninguém, disse que eu estou gorda e não consigo sustentar o movimento.

Há coisas que caem mesmo mal. Especialmente, quando sabemos que são verdade.
Preferia, mil vezes, que ele dissesse que eu tenho mau hálito.

Mas os melhores amigos do mundo são estes.
Os que gostam de nós. Gordos ou magros.
Os que não nos enganam.
Os que não nos chamam de linda, quando o nosso rabo tem mais buracos que a superfície lunar.

:)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Pa-pa-pa-pa-pel

Cantava assim.

Nos anos da minha infância em que não sabia inglês.

Adoro.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Eu, que não são católica

Nem tenho religião nenhuma, fui à cidade dos peregrinos.


Entrei na Catedral e fiquei lá sentada muito tempo.
Chorei por me sentir tão desprotegida e tão sozinha.
Depois fui atingida por uma paz e um silêncio profundos.
É isso que as pessoas sentem quando rezam?


Choveu que eu sei lá. Podiam ter chovido pedras até... Os crentes continuariam lá.
É tão bonita a fé.
E tão cega também.